"Autoestima, sobretudo, é uma experiência íntima, um sentimento construtivo, uma consciência que se autoafirma, um conceito positivo que se elabora a respeito de si mesmo, embasado em atitudes corretas, éticas e na integridade do caráter; é o respeito e o apreço da pessoa por si mesma”.
O estado de “espírito” tem grande influência sobre o bem-estar e a saúde. A tristeza, o medo, a raiva, os aborrecimentos, a mágoa, as preocupações e uma autoestima baixa podem muito afetar desfavoravelmente a saúde. Por outro lado, a alegria de viver, a despreocupação, o descanso e uma autoestima positiva têm efeitos muito benéficos.
Cada vez mais, a neurociência evidencia o fato de que aquilo que se pensa e se sente exerce enorme influência sobre o funcionamento de todo o organismo. Tais estados psíquicos atuam fisiologicamente sobre vários sistemas: nervoso, circulatório, digestório, glandular, tegumentar, etc.. Pensando bem, a autoestima é um dos fatores que mais influi no desenvolvimento pessoal, no bem-estar e na saúde integral.
Não raro, conceitua-se erroneamente o termo autoestima e é importante apreender-se seu verdadeiro significado, que nada tem a ver com vanglória, presunção infundada, jactância, arrogância, insolência, orgulho, ostentação, vaidade, egoísmo e ausência de atitudes concretas edificadoras. Muitas vezes, pode-se até cultivar o pensamento de que se é capaz, melhor, inteligente, habilidoso, não obstante, sem a demonstração, no diário viver, de atitudes concretas de tais habilidades.
A verdadeira autoestima não valoriza o eu e o egoísmo, mas é a expressão da consciência e da sabedoria que habita o ser.
Autoestima
A palavra “estima” (do latim aestimare) significa apreço, valor, afeição, gostar de, apreciação favorável de uma pessoa ou de uma coisa, amizade, consideração etc.. autoestima, sobretudo, é uma experiência íntima, um sentimento construtivo, uma consciência que se autoafirma, um conceito positivo que se elabora a respeito de si mesmo, embasado em atitudes corretas, éticas e na integridade do caráter; é o respeito e o apreço da pessoa por si mesma.
A autoestima, sem dúvida, é a base da idoneidade, do desenvolvimento espiritual e das potencialidades interiores, da saúde e da serenidade interior. Diariamente, há a necessidade da conscientização de sua importância e, portanto, de seu cultivo. É preciso nutri-la, despertá-la e aperfeiçoá-la.
A autoestima nada tem a ver com o egoísmo, com o sentimento ou a atitude de excessivo apego aos próprios interesses, em detrimento dos interesses dos outros. A função primordial do sistema imunológico é o de proteger o organismo contra as diversas infecções e contra o desenvolvimento de câncer. A autoestima tem função análoga, a de proteger a pessoa dos perigos, das agressões, dos desrespeitos, da vulnerabilidade, dos sofrimentos, etc.. Assim, quando alguém se valoriza e se respeita. Ou seja, tem a consciência da importância de seus valores pessoais, deixa-os transparecer naturalmente a outras pessoas, através de seu jeito de ser, de suas atitudes; também, passa a escolher com mais critério as pessoas com as quais, obviamente, identifica-se e com as quais necessita de relacionar-se como, por exemplo, patrão, empregados, amigos, parentes, vizinhos, etc..
Autoestima: mecanismo de autopreservação do organismo
A autoestima pode ser vista como um senso ou mecanismo natural e necessário de autopreservação e defesa do próprio organismo e da consciência que o habita.. A autoestima positiva torna os seres humanos melhores e mais conscientes em relação à vida. Quem tem uma autoestima positiva é mais sábio, pacífico e não vê a natureza, o seu semelhante com indiferença e como ameaça.
Pode-se dizer que existem três tipos de autoestima:
(1). autoestima positiva: não é competitiva e nem comparativa. É constituída de dois importantes sentimentos, o de capacidade (de que se é capaz) e o de valor (de que se tem qualidades, de que se é pessoa valiosa, na medida do esforço de aperfeiçoamento). É resultante da confiança, do respeito e do apreço que uma pessoa possa cultivar em relação a si mesma.
(2). autoestima relativa: oscila entre o sentir-se apta e não, valiosa e não, “acertada” e “desacertada” como pessoa; tais incoerências se manifestam nos sentimentos e nas atitudes; às vezes, a pessoa age com sensatez, às vezes, com imaturidade, reforçando-se assim a sua insegurança. A supervalorização das próprias capacidades revela uma autoestima confusa e não um excesso de autoestima.
(3). autoestima baixa: caracteriza-se pelo sentimento de inferioridade e de incapacidade pessoal, de insegurança, de dúvidas a respeito de si mesma, de culpa, pelo medo de viver plenamente, pela sensação de que o que se é não seja suficiente, pelo baixo aproveitamento nos estudos ou no trabalho, pela imaturidade afetiva, pelas relações interpessoais destrutivas, etc..
É necessário que cada pessoa avalie e reflita profundamente a respeito de sua autoestima, pois nem sempre os sentimentos de uma autoestima deficiente são reconhecidos e admitidos.
Autoestima, êxito e fracasso
Desenvolver uma consciência saudável a respeito de si mesma é de grande importância para a própria vida e para as outras pessoas, pois a autoestima positiva torna a pessoa perspicaz, zelosa, capaz, benevolente, apta, generosa, saudável e valiosa perante à vida e aos seus semelhantes. A forma como alguém se sente intimamente influencia os diversos aspectos de sua existência, desde a maneira como age no trabalho, em casa, na escola, nos relacionamentos, no amor, no sexo, até na paternidade, na maternidade, nas possibilidades de aperfeiçoamento na vida... Portanto, a autoestima positiva é a chave para o despertar da consciência, do êxito ou do fracasso.
Infância
Na infância, o amor, o apreço, o respeito, a segurança, o apoio e o incentivo dos pais e educadores são indispensáveis para a elaboração de uma autoimagem positiva e saudável. No entanto, a contribuição negativa das pessoas, as críticas, o ciúme, o autoritarismo dos pais, as companhias destrutivas, o descuido com a integridade e a honestidade, a falta de responsabilidade e de disciplina, dentre outros fatores, podem afetar negativamente a autoestima.
Juventude
Na juventude, as pessoas podem alimentar ou prejudicar a confiança e o respeito do jovem por si mesmo, se o respeitam ou não, se o amam ou não, se o valorizam ou não e o estimulam ou não a ter confiança em si. Apesar do que possa acontecer na vida, a pessoa é plenamente capaz de libertar-se das experiências desastrosas e de desenvolver uma autoestima positiva, se assim, verdadeiramente, almejar.
Alguns sinais, sintomas e comportamentos refletem uma autoestima baixa (com exceção dos distúrbios fisiológicos): inaptidão para a vida, insegurança, sentimento de inferioridade, sentimento de “desacerto”, angústia, depressão, medo de relacionamentos, o abuso do álcool, o tabagismo, o uso de drogas, o baixo aproveitamento escolar e o baixo rendimento no trabalho, o descaso com a saúde, os hábitos dietéticos errôneos, o maltrato às mulheres, o maltrato aos homens, uma vida sexual promíscua, a violação de menores, toda forma de violência e agressividade, as disfunções sexuais, a imaturidade afetiva, o suicídio, os crimes violentos, etc..
Quando se pensa em autoestima, não se deve relacioná-la ao amor próprio exagerado ou ao sentimento de que se é melhor ou superior aos demais.
Por Gilberto Coutinho, terapeuta naturopata com formação em Medicina Tradicional Indiana